domingo, 18 de novembro de 2012

Faltava escolher o nome do blog

Durante séculos as velhas escrivaninhas testemunharam de perto o que de melhor foi produzido pela literatura universal. Ainda hoje não me saem da cabeça aquelas cenas de infância nas quais escritores (e também jornalistas, embora em menor proporção) estavam completamente tomados por livros, papéis, anotações, leitura etc. Em casa, qualquer estudante mediano tinha a sua – e curiosamente tinha também uma bagagem cultural maior do que muitos pseudos-intelectuais dos tempos modernos.

O advento do computador e suas consequências não têm similaridade na  história da humanidade. O mundo jamais será igual. O conjunto de mudanças tecnológicas atualmente em curso não é mais uma mera evolução natural. Estamos, sem perceber, vivendo uma revolução nunca antes vivenciada, ainda mais impactante que a revolução industrial inglesa.

Senão vejamos: nem mesmo os mais delirantes filmes de ficção científica conseguiram prever, por exemplo, as funcionalidades de um telefone celular. Qualquer cidadão disposto a gastar 100 reais carrega no bolso uma geringonça com capacidade de memória mil vezes superior a um computador do início dos anos 1990 – não é figura de linguagem. É fato.

Neste contexto, as escrivaninhas foram perdendo espaço e função. Infelizmente. Eu mesmo tive uma, presente da mamãe. Era a companheira ideal das noites de insônia. Ali, comecei minha ainda rasa formação cultural-literária e desde então venho tentando lapidar os conhecimentos.

A velha escrivaninha, porém, não resistiu à mudança para o apartamento novo e diminuto. Foi trocada por um móvel multifuncional planejado, com espaço para abrigar uma TV de sei lá quantas polegadas. Sonho de consumo da minha esposa.

Uma pena. Hoje leio no sofá. Mas, no quartinho de empregada (outra anomalia tipicamente da classe média brasileira) que virou escritório, tem uma foto ao lado da minha velha escrivaninha. 

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